A escola sempre foi o foco irradiador de cultura e socialização das comunidades. Quando menor o povoado, maior o valor e influência das instituições sociais que a integram sobre si. Ao mesmo tempo, são também estas instituições que contribuem decisivamente para o desenvolvimento destas mesmas aglomerações. Entretanto, nos últimos anos, a violência crescente na sociedade tem se refletido nos estabelecimentos de ensino. Por muitos anos, a escola foi tida como o reduto da paz, segurança e aconchego para as crianças, adolescentes e jovens em formação. Mas esta situação vem mudando de forma gradual e rápida. As políticas públicas de incentivo à frequência escolar iniciadas no governo de Fernando Henrique Cardoso levaram para dentro dos muros da escola, as divergência entre os moradores, que antes não tinham qualquer interesse em lá estar. Por outro lado, se considerarmos a escola como um dos espaços privilegiados de socialização, especialmente para as crianças e adolescentes, que construirão ali relações de amizades que vão perdurar por toda a sua vida, é fácil entender porque a escola passou a ser vista também como um espaço para resolver os conflitos entre os integrantes da mesma comunidade. É portanto, também natural, que os conflitos pessoais sejam levados para dentro dos muros da escola. Além das questões eminentemente de ordem pessoais, ao trazer para si a responsabilidade pelo transporte, alimentação, vestimenta e material escolar, a escola tirou da família a responsabilidade pela sobrevivência física de seus filhos; e o desenvolvimento sociocultural dos membros jovens da sociedade capatilista, na qual cada indivíduo tem o valor exato de sua produção e consumo. E, agravou ainda mais a situação, pois com esta atitude transpareceu aos pais a inexistência da necessidade de prover o filho de bens materiais. Neste ponto, os pais perdem-se na imposição dos limites e sentiram passar por entre os dedos a autoridade paterna. Ao ficarem sem a moeda de troca mais valiosa de seu ponto de vista cultural: “enquanto eu te sustentar, você tem que me obeder”, os pais já não tem mais argumento para impor a autoridade. Assim, os pais foram desresponsabilizados e a escola assumiu também o papel de “lar” para as crianças. E, cultural e historicamente o “lar” é o lugar mais adequado para resolvermos os problemas de ordem pessoal. Ou seja, a escola deveria ensinar o saber científico e social e jamais o religioso e pessoal, pois à família cabe educar e formar carácter. Este, definitivamente, não pode ser um papel da escola. Além de tudo, a escola passou a ser o lugar ideal para se encontrar e manter grupos de amizades, construir teias de relacionamentos e de proteção e portanto, de conflitos. Sob a tutela dos profissionais da educação, a escola transformou-se também no lugar mais seguro para resolver conflitos pessoais, especialmente porque tudo que uma criança ou adolescente precisa, é ter alguém para direcionar os passos e apontos caminhos de resolução dos problemas de relacionamento com os pares. Em casa, sentem-se abandonados pelos pais que já deixaram, há muito, de ser os seus ídolos. Nos últimos meses, noticiários nacionais e regionais tem se ocupado de descrever brigas entre estudantes ou agressões fisicas aos professores e demais profissionais que atuam na educação. Enquanto noticiam, jornalistas, apresentadores e entrevistados deixam transparecer a perplexidade diante dos fatos. Outros, cuidam de ampliar dezenas de vezes a gravidade dos acontecimentos numa tentativa desesperada, talvez, de transformar em notícia aquilo que nunca deveria ter acontecido: brigas dentro da escola. Situações impensáveis para o ambiente que deveria ser um templo do saber e humanização.A única alternativa para diminuir a violência na escola, será fazer o caminho oposto. É preciso tirar gradativamente da escola o excesso de responsabilidade, devolverdo aos pais o papel de provedor e educador, à sociedade o de possibilitar às famílias condições socioculturais e financeiras para ás famílias. A escola precisa trazer para si sua função primordial que é de ensinar o saber científico, histórico, cultural, social e tecnológico, nada mais.
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segunda-feira, 27 de julho de 2009
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