sábado, 21 de junho de 2008

SÉRIE DE REPORTAGENS ABSURDAS DO GLOBO

Geralmente, coloco aqui as reportagens e deixo para os comentários. Desta vez é impossível. O Globo deu uma manipulada geral nos dados do IDEB para aproveitar o pânico real que assola a todos quando o assunto é qualidade da Escola Pública. Mas vejam só, ao invés de anunciar que dois terços das escolas melhoraram, escandalizam com o "um terço das escolas públicas mostra piora na qualidade do ensino na 8a série, diz o MEC".

Não bastasse isso, aproveitam para atacar os CIEPs, que ajudaram a destruir nas décadas de 1980 e 1990. Sem qualquer análise melhor, fazem o mesmo sensacionalismo afirmando "Cieps estão entre as piores escolas do Rio". Publicam a notícia como se o Darcy ainda fosse o Seretário de Educação e que esses sete CIEPs fossem dirigidos pessoalmente pelo Brizola

Aproveitam ainda para "botar lenha na fogueira" na disputa PTXPSDB que sempre se traduz nas divergências de interpretação dos resultados do Estado e do Municipio de São Paulo.

Bom, quem acredita na isenção do Globo...

Mas na selva de números e reportagens sobre o IDEB há outras opções de leitura dos dados. Embora todas elas partindo de análises quase que terroristas que desconsideram, por exemplo, as desiguladades educacionais que estão se reduzindo no pais, ao menos em termos de oferta. Novos alunos, a maioria deles ainda provenientes de "famílias desescolarizadas", evidentemente reduzem o "rendimento médio dos estudantes em exames" sem que isso signifique qualquer "redução de qualidade da educação que lhes foi oferecida". O fato do "rendimento dos alunos" estar melhorando em dois terços das escolas públicas com esse ingresso de novos contingentes de estudantes em todas as séries da Educação Básica revela, ao contrário do que supõe O Globo, que a qualidade da Educação Pública está evoluindo.

Em caso de dúvida, basta adicionar o contingente de "desescolarizados" nos anos anteriores conferindo-lhes nota ZERO que as médias dos anos anteriores será muito mais baixa do que foi.

O Globo está tentando pautar o debate político na campanha eleitoral. Isso de certa forma acabará sendo positivo, pois na decisão sobre o voto o eleitorado poderá fazer opções a partir das propostas dos candidatos nesse ponto. Mas pode ser negativo também, nesse tempo em que as maiores redes públicas do país estão em processos de greve. As reportagens do Globo começam a abrir espaço para o velho e famoso "em educação o privado é a solução". Vamos acompanhar para ver onde isso vai dar.

Vale a pena também acompanhar como foi que o MEC divulgou esses dados hoje. Embora o "provismo" que orienta as ações do MEC na página "IDEB: saiba como melhorar" seja lamentável do ponto de vista político e pedagógico.

Um comentário:

Henrique disse...

A reportagem do Globo impresso é melhor do que a sua manchete e da que está na versão on-line, em letras pequenas está descrita a descaracterização pela qual passsaram os CIEPs e, surpreendentemente, o projeto original quase que é isentado do "fracasso" atual. Mas para os "homer simpson" vai ficar a manchete: CIEPs fracassam.

Para O Globo (como para a maioria da "reação educacional" da qual, infelizmente, participam vários membros "disquerda", em especial a sindical, com destaque para vários UERJianos) o CIEP nunca passou de um prédio caro e um desperdício de dinheiro com a sempre hipócrita desculpa que "o dinheiro deveria ser usado na rede pública regular.

Desde 1o. de janeiro de 1995 que o Brizola e o Darcy não ocupam qualquer cargo de responsabilidade na Educação do Estado do Rio de Janeiro e que os CIEPs vem sendo paulatinamente desinvestidos (um deles até virou prédio ainda irregular de Unidade da UERJ, vejam só!). Nesses 13 anos eu não vi ainda nenhum "dinheiro que estivesse sendo desviado da melhoria da rede regular para fazer CIEP" ir para esse misterioso lugar: a tal "rede regular abandonada para se construir CIEP". Se voces viram, me avisem, pois não quero cometer injustiças contra o Globo e contra os nossos zelosos anti-ciepistas que tanto lutaram pela rede regular de ensino público.

Comemora-se 1968, comemora-se "a luta", mas esquece-se que esse foi o ano da "virada privatista" na Educação Brasileira. Virada privatista da qual a Universidade em geral, exceto colegas em diversas Faculdades de Educação em todo o pais, não leva em consideração como sendo o principal motivo da "queda de qualidade de Educação".

Aqui temos uma situação que me parece ser bem diversa da Argentina, na qual se há uma queda de qualidade da Educação Básica, em relação a uma educação da década de 1960, cursou, não é mesma a situação de todos nós que fizemos Escola Pública pré-1968.

Toda aquela qualidade aparente só pode ser comparada com a de hoje se "dividirmos por 3" as médias daqueles "tempos de escola risonha e franca", afinal de contas, se aplicados exames gerais àquela população dois terços dela tiraria ZERO, por simplesmente não ter qualquer escola ou só a ter até a segunda série primária.

Desde 1968 estabeleceu-se a possibilidade um apartheid educacional que veio a juntar-se a diversos outros apartheid que já exercitávamos, embora com muito mais gentilza e cordialidade que hoje. A maioria de nós, professores universitários, não percebe isso pois estamos aferrados à estranha "exigência de mérito" para que se entre na Universidade. Quantas questões de linguas estão em nosso classifcatório de hoje? Todo mundo sabe que quem pode "comprar" seis semestres de ingreis em alguma franxize "Dropis ofi Knouledjemente" vai acertar todas elas e vai receber vários ou todos pontinhos extra-meritórios, interdisiciplinares segundo o DESEA, diga-se de passagem).

A sanha privatista do Globo pode ser vista lá na sua revista em que, ná página 20 há uma poderosa imagem: um menino negro - pardo para outros - enfrenta com duas peças brancas uma peça negra - o ECA não exigiria aquela mistureba desidentificatória? - com a sugestiva legenda "superou equipes de colégios particulares". Que nojo! (Madel: subtexto, se o professor se sacrificar inventando o xadrez para seus alunos, eles pelo menos nisso superarão seus "colegas" da escola particular, logo...)

Nosso vestibular sanciona, ano após ano, o imperativo: "vão para a escola particular". Vamos ver, lá pela quinta-feira, o quanto mudou a UERJ em relação ao Vestibular. Mesmo descontando a extemporaneidade desse exame em junho (o maior dos últimos 5 anos, quase 76 mil candidatos) qual será o índice de dificuldade dessa prova?